O Púlpito como Centro da Adoração: Evitando Idolatria e Distrações na Igreja
Distrações dentro da igreja são um assunto relevante e de grande importância para aqueles que desejam manter o foco na verdadeira adoração a Deus. Muitas vezes, nos deparamos com anedotas pastorais, ministérios de louvor extravagantes e até mesmo encenações teatrais que podem desviar a atenção do púlpito e diluir a mensagem central do culto. Nesta reflexão, exploraremos a importância de manter o púlpito como centro da adoração, evitando tanto a idolatria quanto as distrações que podem comprometer a experiência de comunhão com Deus na igreja.
O apóstolo Paulo já advertia sobre a importância do púlpito
“Portanto, procurai com zelo o maior dom; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente” (1 Coríntios 12:31).
No versículo mencionado, Paulo está incentivando os cristãos de Corinto a buscar fervorosamente o maior dom espiritual, que é o dom de profetizar. Aqui, o termo “profetizar” refere-se ao dom de pregar e proclamar a Palavra de Deus com autoridade e sabedoria, não se trata de adivinhações ou revelações sensacionalistas sobre a vida das pessoas. Paulo ressalta que o dom de profetizar é valioso e importante para a edificação da igreja, ao transmitir a mensagem divina com fidelidade e clareza. Ele alerta contra distrações e práticas desonestas que buscam atrair atenção para si mesmas, enfatizando que o verdadeiro dom de profetizar é uma expressão genuína do Espírito Santo e visa o crescimento espiritual e a transformação das vidas.
D. Martyn Lloyd-Jones, no livro ‘Pregações e Pregadores’, alerta sobre a importância de manter o púlpito como centro da adoração, não no sentido de adorá-lo em si, mas de enfatizar a centralidade da pregação da Palavra de Deus durante o culto congregacional.
O púlpito simboliza a autoridade das Escrituras e o papel do pregador como mensageiro de Deus. Ao designar o púlpito como centro da adoração, reconhecemos a relevância da pregação bíblica na instrução, edificação e desafio da comunidade de fé.
No entanto, é fundamental lembrar que a verdadeira adoração é direcionada a Deus, e não ao púlpito ou ao pregador. O objetivo da pregação é levar as pessoas a uma compreensão mais profunda de Deus, de Sua Palavra e de Seu plano redentor. O púlpito é simplesmente o local onde esse ensinamento ocorre, não possuindo poder ou santidade intrínsecos.
Em João 6:14-15, encontramos o relato da multiplicação dos pães e dos peixes realizada por Jesus. Após esse milagre extraordinário, os judeus ficaram maravilhados e imediatamente se agitaram com a possibilidade de proclamar Jesus como seu rei. No entanto, essa reação dos judeus revela uma distração em relação ao propósito central do ministério de Jesus.
Embora o milagre da multiplicação dos alimentos tenha sido notável e demonstrado o poder de Deus manifestado em Jesus, seu objetivo principal não era atrair seguidores com base em milagres e conquistas terrenas. Jesus reconheceu que a atenção voltada para os milagres poderia desviar o foco da verdadeira mensagem do evangelho e da natureza de seu reino espiritual.
Jesus, ciente dessa distração iminente, retirou-se para um lugar solitário, evitando assim que a idolatria de um reino terreno tomasse o lugar da adoração genuína a Deus e da proclamação das boas novas do seu reino eterno. Ele não permitiu que os milagres se tornassem um obstáculo para a verdadeira adoração, mas sempre reorientou a atenção para a mensagem da salvação, da graça e do amor de Deus.
Esse exemplo nos ensina que, mesmo diante de grandes milagres e manifestações poderosas, é essencial manter o foco na verdade revelada na Palavra de Deus e na missão de proclamar o evangelho. Devemos evitar que as distrações, por mais impressionantes que sejam, tomem o lugar central que pertence somente a Deus e à Sua mensagem de salvação.
É importante ressaltar que não devemos subestimar o poder dos milagres e sinais que Deus realiza em nosso meio. No entanto, devemos lembrar que esses milagres têm o propósito de apontar para a glória de Deus e para a veracidade de Sua Palavra, não para desviar nossa atenção ou nos distrair do compromisso de seguir a Cristo e compartilhar Sua mensagem transformadora com o mundo.
Ao exortar Timóteo a “instar na palavra” 2Tm 2.2, Paulo está enfatizando a necessidade de um comprometimento contínuo e intenso com o ensino e a proclamação da Palavra de Deus. Essa instrução implica em uma responsabilidade séria de transmitir fielmente o evangelho, sem se permitir distrações que possam enfraquecer ou desviar o foco da mensagem.
A advertência de Paulo a Timóteo é uma lembrança relevante para nós hoje. Vivemos em um mundo repleto de distrações, desde a agitação cotidiana até as tendências e influências culturais que tentam nos afastar do ensino bíblico. Assim como Timóteo, somos chamados a permanecer firmes na Palavra de Deus, evitando sermos desviados por distrações passageiras e priorizando a centralidade da mensagem do evangelho em todas as áreas de nossa vida e ministério. Isso requer compromisso, discernimento e uma consciência constante da importância de instar na palavra, a fim de experimentar um crescimento espiritual genuíno e impactar a vida dos outros de maneira significativa.
Os milagreiros
Nos dias atuais, é lamentável observar a presença de milagreiros midiáticos que buscam apenas trazer atenção para si mesmos, em vez de promover o verdadeiro evangelho e orientar as pessoas no caminho da salvação. Esses indivíduos distorcem a essência do evangelho, utilizando-se dos meios de comunicação para atrair seguidores e obter benefícios pessoais, em vez de direcionar as pessoas para um relacionamento genuíno com Deus.
Esses milagreiros midiáticos muitas vezes fazem uso de técnicas de manipulação emocional, apresentando supostos milagres e curas espetaculares, que são exibidos e promovidos de forma sensacionalista nos meios de comunicação. Eles exploram a vulnerabilidade das pessoas em busca de esperança, saúde e solução para seus problemas, mas acabam desviando-as do verdadeiro caminho da salvação.
Ao invés de ensinarem a necessidade de arrependimento, do perdão dos pecados e da entrega completa a Cristo, esses milagreiros midiáticos focam apenas em aspectos materiais, prometendo prosperidade financeira, saúde perfeita e sucesso imediato. Eles criam uma visão distorcida do evangelho, afastando as pessoas da verdadeira mensagem da cruz e do chamado à santidade e à transformação de vida.
Essa abordagem centrada no homem e nos benefícios terrenos contraria o ensinamento de Jesus e a essência do evangelho. Jesus nos chamou para negar a nós mesmos, tomar a nossa cruz e segui-Lo, não para buscar riquezas materiais ou fama pessoal. Ele nos exortou a buscar o Reino de Deus em primeiro lugar e confiar que todas as outras coisas nos serão acrescentadas.
É importante discernir entre os verdadeiros servos de Deus, comprometidos em pregar a Palavra de Deus e conduzir as pessoas à salvação em Cristo, daqueles que se aproveitam do evangelho para promover a si mesmos e satisfazer seus interesses pessoais. Devemos buscar líderes e ministérios que sejam centrados na Palavra de Deus, que valorizem a transformação interior e que estejam comprometidos com o discipulado e o ensino sólido da Bíblia.
Evangelho deve ocupar o centro do culto
Devemos lembrar que a verdadeira mensagem do evangelho é a mensagem da graça, do amor de Deus e do sacrifício de Jesus na cruz para a nossa redenção. Ela não se resume a experiências milagrosas ou a busca incessante por bênçãos materiais, mas sim ao chamado para uma vida de entrega, obediência e serviço ao Senhor.
Que possamos estar atentos aos milagreiros midiáticos e suas abordagens distorcidas, buscando a verdadeira adoração e o verdadeiro evangelho, focando em um relacionamento genuíno com Deus e na promoção do Seu Reino aqui na Terra. Que nossas vidas sejam pautadas pela Palavra de Deus e pelo compromisso de compartilhar a mensagem da salvação, levando as pessoas a um encontro transformador com Jesus Cristo.
Portanto, ao abordar as distrações dentro da igreja, devemos buscar equilíbrio e discernimento. Enquanto valorizamos a importância da pregação e do púlpito como centro da adoração, devemos evitar idolatrias e excessos, garantindo que a mensagem bíblica seja proclamada com temor e reverência, direcionando a nossa adoração a Deus e não a elementos físicos ou a personalidades.